Meu presente de Natal

Ah! passear. Essa é a minha maior diversão. 

Por isso, quando minha mãe veio, hoje cedo, me trazendo a bandana fiquei todo animado. Ela bateu o pé, tentando me controlar e dizendo: “Comporte-se Feijão. Hoje vamos fazer as compras de Natal”.

Natal? Quem será esse Natal? Ah já sei. É aquele dia em que as pessoas trocam presentes, fazem uma ceia em família e trocam beijos e abraços. Legal!  

Mas, como disse meu pai: “O problema é que dias antes, todo mundo enlouquece indo às compras e as ruas ficam uma confusão só”. Quando chegamos ao shopping percebi que ele tinha mesmo razão.

Mesmo em meio a multidão, não consigo passar desapercebido. Vejo que algumas pessoas me olham assustadas, outras irritadas como se eu não tivesse que estar ali. Pôxa. Mas se serei um cão-guia no futuro, como  não posso ir a um shopping com o amigo que eu irei guiar? Os deficientes visuais também têm direito de comprar seus presentes de Natal, não é mesmo?

O segurança do shopping logo veio conversar com minha mãe e ela mostrou-lhe o papelzinho que diz que eu sou um cão-guia em treinamento. Ele olhou pro papel, olhou pra mim e nos desejou Feliz Natal. Logo a frente, um grupo de  crianças me cercou querendo brincar.

Ai, ai, ai....eu sei que isso atrasa o passeio da minha mãe, mas eu adoro esse carinho. Já estou vendo. Logo, logo ela vai puxar minha guia e fazendo aquele olhar de quem quer ser brava mas acaba sendo sempre carinhosa. É o mesmo olhar que ela me dava quando eu comia seus chinelos ou fazia xixi onde não devia. 


Foi esse olhar que me cativou no dia em que fui adotado. Lembro como se fosse hoje daquela manhã  ensolarada e fria de junho. Entre mordidas e corridas pelo gramado, eu e meus irmãos Fiona, Fortune, Felicity, Fedra, Farofino, Friendsforever, Footloose e Frontier brincávamos no canil. Com sorrisos nos lábios, um grupo de pessoas veio ao nosso encontro, nos acariciando a cabeça e também brincando de correr e virar na grama.

Dentre essas pessoas estava uma moça simpática que me pegou no colo como se eu fosse um bebê (Ops! Eu era mesmo. Tinha apenas 2 meses ). Naquele momento desejei que ela fosse minha mãe.  

E acho que consegui, antecipadamente, esse presente de Natal. Hoje vivo com essa família carinhosa que está me ajudando a realizar o meu sonho de me tornar um Cão-Guia. 


Desejo que todos tenham também um Natal Feliz com suas famílias.

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